Os conselhos de Damásio de Jesus para concurseiros
Para um dos nomes importantes do mercado de concursos no Brasil, concurseiro deve ter um diferencial – e isso inclui se vestir bem
Estudar é fundamental; mas é preciso ir além para passar em concursos
São Paulo – Na hora de se preparar para concurso público, não há estratégia melhor do que estudar. E muito. Mas pensar fora da caixa e tentar ir além do que todos fazem também é essencial, na visão de Damásio de Jesus, um dos principais nomes da preparação de concursos do Brasil.
Aos 76 anos, o fundador do Complexo Educacional Damásio de Jesus coleciona histórias de quem viveu na pele a saga de se preparar para um concurso público. Para seguir a carreira de juiz, começou a estudar as matérias fundamentais para o cargo a partir do segundo ano da faculdade de Direito.
Quando uma mudança na lei redirecionou seus planos profissionais para o cargo de promotor de justiça do estado de São Paulo, Damásio se tornou um concurseiro profissional. “Meus pais pagavam o meu aluguel e eu comia na sogra”, conta. “Foi um tempo de grandes problemas porque eu não era ninguém”.
Como superou tudo isso? “Estudando e tendo fé”, responde enfático. Para ele, o concurseiro deve estudar tanto ao ponto de dominar todos os assuntos pedidos na prova.
Isso não significa, contudo, que o concurseiro deva deixar a si mesmo de lado. Compostura e cuidados com a aparência, segundo ele, também contam para o resultado final.
EXAME.com: Qual é o principal erro dos candidatos a concurso público?
Damásio de Jesus: Um dos erros que as pessoas cometem é não estudar. Concurso não é simplesmente concurso. É uma questão de vida. É uma encruzilhada da vida: em que você vai ou não vai. É preciso ter extrema seriedade ao lidar com isso. Eu não posso brincar com minha vida, com meu futuro, com minha profissão.
EXAME.com: Como fazer isso de uma maneira eficiente?
Damásio de Jesus: Sempre dou o exemplo de um piloto de companhia aérea. Para trabalhar, ele precisa de um destino. Mas isso não basta. Ele precisa de um plano de voo para organizar a vida. Quando você está estudando para concurso, você tem que alterar o ritmo da sua vida. Se não mudar, não chega a lugar nenhum.
EXAME.com: Em que medida o senhor alterou o ritmo da sua vida?
Damásio de Jesus: Desde o início da faculdade de Direito, eu queria ser juiz. Por isso, a partir do segundo ano da graduação, comecei a estudar apenas as matérias mais importantes para o concurso da Magistratura, que são processo civil, penal, constitucional, por exemplo. As outras disciplinas eram apenas para passar de ano. Essas aí eram para passar na Magistratura.
Comecei a namorar no mesmo período. Mas o namoro não era todo dia, nem quando eu quisesse. Era apenas sábado e domingo, das 7 às 9 horas da noite.
EXAME.com: Mas era uma imposição familiar?
Damásio de Jesus: Não. Era cabeça boa. Eu já sabia que para ser alguém de destaque tinha que estudar todas as noites, inclusive aos sábados e domingos. Eu digo para os meus alunos: vocês têm que estudar tanto que caia o assunto que cair, você sabe.
EXAME.com: E como o senhor foi parar no Ministério Público?
Damásio de Jesus: Quando me formei, entrou em vigor a famosa lei que exigia dois anos de atividade forense para se candidatar ao cargo de juiz. Foi um desalento. Meus professores, então, me aconselharam a prestar concurso para promotor e cumprir os dois anos exigidos. No fim, fiquei 26 anos.Sempre digo que fui apaixonado pela Magistratura e acabei me casando com a instituição do Ministério Público.
EXAME.com: O senhor já tinha concluído a faculdade nesse período. Como foi isso?
Damásio de Jesus: Eu já estava casado, mas estudava o dia inteiro. Meus pais pagavam o aluguel da minha casa e eu comia na sogra. Foi um tempo de grandes problemas porque eu não era ninguém. Quando você está se preparando para concursos, você não é o que não é nem o que não é. Você é advogado e quer ser promotor, mas não é promotor ainda. Você fica no limbo.
EXAME.com: Mas como encarar isso sem traumas?
Damásio de Jesus: Estudando e tendo fé. Você está se preparando, por isso, acredita em você. Sabe que vai chegar lá.
EXAME.com: E quem não pode se dedicar exclusivamente para concursos?
Damásio de Jesus: O plano de vida fica mais longo. Há pessoas que com um ano passam no concurso. Outras, que estudam e trabalham, passam com dois, três anos. Mas não pode ser um aluno genérico.
EXAME.com: Como assim?
Damásio de Jesus: Aluno genérico é aquele que faz exatamente o que todo mundo faz, estuda o que todos estudam. Para passar, é preciso ser específico. Ou seja, estudar o que todos estudam e algo mais. Ele precisa ter um diferencial, que pode ser conhecer outras línguas, música ou teatro. Alguma coisa que faça a diferença para a carreira que ele escolheu.
EXAME.com: Qual foi o seu diferencial?
Damásio de Jesus: Seriedade no propósito. Quero isso e vou fazer de tudo para ser isso.
EXAME.com: Soube que o senhor aconselha seus alunos até a mudar o jeito de se vestir. Por quê?
Damásio de Jesus: A compostura conta muito. Você tem que olhar o aluno e já vê-lo na mesa de juiz. Certa vez, três alunos me contaram que foram convocados para a prova oral de determinado concurso. Entre eles, estava uma moça muito mal vestida. Marquei uma reunião com ela e fui franco: “vestida desse jeito, a senhora não vai chegar a lugar algum”. Ela ficou brava, justificou que estava daquele jeito de tanto estudar. Repeti que ela não iria passar. Ela aceitou meu conselho e passou. Se tivesse ido daquele jeito, não teria passado.
Receita Federal prevê realização de novo concurso
Está em análise pelo Ministério do Planejamento a solicitação do Ministério da Fazenda, para realização de um novo concurso com o objetivo de preencher oportunidades na Receita Federal de todo o Brasil (RFB). As oportunidades serão para os postos de técnico-administrativo (nível médio – R$ 2.380), analista técnico-administrativo (n. superior – R$ 3.200), analista tributário (n. superior – R$ 8.000) e auditor fiscal (n. superior – R$ 13.500). O número exato de vagas ainda não foi confirmado pelo órgão.
Somente após a autorização da ministra Miriam Belchior é que será dado início ao processo de elaboração do edital por parte da própria Receita e da empresa organizadora, ainda indefinida. A última seleção do órgão foi realizada pela Escola de Administração Fazendária (Esaf), em 2008. Ela tem, como uma de suas principais atividades, a responsabilidade pela realização de concursos públicos no âmbito do Ministério da Fazenda e de instituições conveniadas.
Segundo o assessor especial da diretoria executiva nacional do Sindicato Nacional dos Analistas Tributários da Receita Federal (Sindireceita), Rodrigo Thomson, existe muita demanda de trabalho e, por isso, grande necessidade de contratações. Para ele, será necessário pelo menos o dobro do número atual de servidores, que beira os 9 mil. “Precisaria de uns 20 mil (funcionários) somente na função de analista tributário”, reforça. (Diário do Pará)
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