

O músico de rua britânico James Bowen conta ajuda de seu gato "Bob" durante as apresentações nas calçadas de Londres, na Inglaterra. Bowen escreveu, inclusive, um livro chamado "Um gato de rua chamado Bob", relatando as experiências da dupla, de como eles se conheceram após ambos viverem nas ruas.

Bowen escreveu um livro chamado 'Um gato de rua chamado Bob'. (Foto: Luke MacGregor/Reuters)
Gato 'Bob' virou parceiro do músico de rua britânico James Bowen. (Foto: Luke MacGregor/Reuters)
Stevie Wonder e músico tocam 'Garota de Ipanema' em rua
de Brasília (Foto: João Filho/Divulgação)
O músico americano Stevie Wonder tocou gaita na tarde deste domingo (8) com um saxofonista de Brasília em frente a uma confeitaria na Asa Sul. Stevie Wonder estava na cidade porque na noite anterior havia se apresentado no Estádio Mané Garrincha.Justin Bieber tocando na rua, em 2007, antes da fama

O músico João Filho disse que almoçava com a mulher e a filha de 5 anos em um restaurante na 205 Sul quando viu o músico americano entrar em uma confeitaria na mesma quadra.
"Vi o Stevie Wonder e fiquei do lado de fora da confeitaria tocando saxofone. O segurança pediu para eu não me aproximar", disse. "Foi minha mulher quem sugeriu que eu tocasse 'Garota de Ipanema'. Ela sabia que ele gosta de música brasileira e eu estava tocando jazz", disse.

de Brasília (Foto: João Filho/Divulgação)
Segundo o músico, a reação de Stevie Wonder foi "automática". "Depois que toquei Tom Jobim, ele ficou louco. Ele parou e pediu para a produção para ir no carro buscar a gaita dele. Aí o segurança obedeceu, né? O chefe estava mandando."
O saxofonista disse que passou 40 minutos tocando com o músico americano na calçada da confeitaria. Uma platéia se formou ao redor da dupla e o cantor tirou fotos com fãs.
"Antes de ir embora, ele me chamou, chamou minha esposa e minha filha e me entregou US$ 200", disse. "Está aqui na carteira. Vou para os Estados Unidos em breve, mas vou mandar emoldurar o dinheiro."
João Filho é do Piauí e disse que é bombeiro aposentado. Atualmente, ele ganha dinheiro tocando saxofone nas ruas de Brasília.
Apresentação
Stevie Wonder se apresentou neste sábado (7) na primeira edição do Circuito Banco do Brasil. O evento também teve como atrações Jason Mraz, Ivete Sangalo, Capital Inicial, Criolo e Baile do Simonal.
Todo dia ele está lá cantando no meio da multidão, em frente à Escola de Música, próximo aos arcos da Lapa, lugar tradicional da cultura carioca. Renê Silva Santana, 26 anos, saiu de casa com 15 anos, no interior de Minas Gerais, passou por São Paulo e hoje mora nas ruas do Rio de Janeiro, onde sobrevive interpretando músicas com seu violão e um amplificador para o microfone. Para ele, muitas pessoas passam e lhe tiram até para maluco, por causa dos preconceitos, mas nem por isso se desconcentra do show que faz diariamente para comprar o seu pão de cada dia.
Renê cantando e tocando em frente à Escola de Música, na Lapa. Foto: Eduardo Sá/Fazendo Media.
Renê tocando e uma criança, que ficou dançando em certo momento, curiosa com o seu trabalho. Foto: Eduardo Sá/Fazendo Media.
Stevie Wonder se apresentou neste sábado (7) na primeira edição do Circuito Banco do Brasil. O evento também teve como atrações Jason Mraz, Ivete Sangalo, Capital Inicial, Criolo e Baile do Simonal.
u sou um artista de rua, eu não sou um músico”
Por Eduardo Sá| Cultura1 comentário
Como se deu a sua ligação com a música?
As pessoas passam e acham que eu sou músico né, mas não é o meu caso. Eu sou mochileiro, viajo o Brasil. Eu resolvi entrar nesse lance de música para sobreviver, para não ser mais um na rua pedindo às pessoas 1 real. Eu arrumei esse jeito de pedir, mas o meu sonho não é ser músico. Essa é uma coisa totalmente fora, eu não planejei nada, até porque eu não gosto de fazer isso, faço para ganhar dinheiro.
Mas você sabe tocar, aprendeu como?
Sozinho no mundo, fazendo intercâmbio. Eu sempre tive um violão, aí quando eu encontrava alguém que tocava eu perguntava como é que se faz um acorde e fui pegando. Aprendi há uns cinco anos. Eu sou aventureiro, eu sou de Minas, do campo, nem mexia com música, mas de lá comecei a viajar. Passei por São Paulo, alguns lugares em Minas e Rio de Janeiro. Tem uns 10 anos que eu saí de casa, tudo me virando com a música. Sempre gostei de violão, um hobby.
Nesse tempo você só se sustentou com a música?
Não, eu vim fazendo bicos, trabalhando em obra, e depois fiquei totalmente desempregado. Eu ganhava um valor relativo, que se eu trabalhasse para mim era o mesmo valor que eu tirava em qualquer trabalho. Então eu resolvi sobreviver com a música mesmo.
Você só toca aqui na Lapa?
As pessoas às vezes me chamam para tocar, mas eu não vou porque eu sou sincero: eu não sou músico, você tá me vendo aqui e achando que eu estou tocando legal, mas não é, talvez porque você não entende de música. Uma pessoa que entende mais sabe que o que eu estou fazendo não tem nada certo, isso aqui é para sobreviver cara.
Para ele ser músico mesmo, o cara tem que estudar, fazer uma partitura, saber ler partitura. É lógico que se o cara tiver de ir para o sucesso com isso ele vai, porque hoje em dia quem sabe muito não significa nada. Muitas pessoas falam: o que você faz nem um músico profissional mesmo que toca faz, você mete a cara. Mas isso por quê? Por causa da necessidade. Ele não passa necessidade, então ele jamais vai vir ele sendo um bom músico. Fazer isso que eu estou fazendo, acho que para eles é até um ato de humilhação; os caras são feras na música…
Você já teve interesse de entrar aí na Escola de Música?
Não, não tem nada a ver comigo.
O que você gostaria de fazer profissionalmente?
Nada cara, eu não estudei, tenho só a 4ª série, não tenho sonho nenhum. Essa é a única maneira deu trabalhar, de não ser só mais um auxiliar que é tudo o que eu faço. Minto, eu tenho um sonho: gostaria de fazer turismo, para viajar, ser guia, fazer intercâmbio, mas como eu não estudei fica no ar o sonho.
Para mim o que tem mais valor é o que eu sei fazer, eu toco pouco violão mas é uma coisa que está comigo e eu dou valor. Se eu morresse aqui agora, eu levaria comigo, ninguém teria como usar mais, só eu mesmo
Como você descolou esse equipamento?
Comprei, trabalhando na obra. Tive outro, agora estou vendendo esse, tá vendo? (o amplificador está com anúncio de vende-se)
Você está há quanto tempo parando na Lapa?
Deve ser um ano e meio, todo dia, só não venho quando chove. Eu fico umas 5 horas, de 1 da tarde até as 6 horas. Aqui é um local que passa pouca gente, mas também ninguém implica. A prefeitura andou implicando comigo há uns meses atrás na zona sul, exigindo a licença para tocar em local público. Se você for cadastrado creio que paga alguma coisa por ano, mas é mixaria, compensava se fosse fácil, porque você trabalhava tranquilo.
Eu escolhi a Lapa por causa da tranquilidade, não tem nada a ver com a região cultural. Eu nunca trabalhei na Carioca (local no centro da cidade, de grande circulação), por exemplo, eu só tô aqui para tirar o meu almoço e a passagem para mim levar as minhas coisas até certo lugar. Eu não estou aqui para ficar rico, por isso que eu não esquento a cabeça. Não penso se vou comprar isso ou aquilo, pra mim o que vale é o que a gente aprende. Para mim o que tem mais valor é o que eu sei fazer, eu toco pouco violão mas é uma coisa que está comigo e eu dou valor. Se eu morresse aqui agora, eu levaria comigo, ninguém teria como usar mais, só eu mesmo.
Você arruma quanto por mês e mora aonde?
Não dá para tirar nada, cara. Tem dia que eu tiro 15 reais, outro que eu tiro 20, é um dia pelo outro. Eu moro na pista, mas eu arrumei um lugar para guardar essas paradas. Antes eu não tinha, me roubaram tudo.
Você não considera uma arte isso que você faz?
Pode até ser uma arte. Sabe uma parada que você é totalmente contra: eu tô aqui, mas não queria estar. As pessoas passam ali, te vêem tocando, acham que o cara tá feliz da vida, viu o passarinho verde hoje, não é. Eu tô aqui, mas já tô doido para ir embora. Tá vendo aqui? (Renê mostra a ponta dos dedos cortadas, por dedilhar as cordas). Isso dói pra caralho, é tudo de violão, fica latejando. Se eu pudesse largava isso aqui agora e ia embora.
Pode até ser imbecilidade minha, acho que tem um preconceito na sociedade para você arrumar um emprego. Se você não chegar num estabelecimento procurando um emprego com alguma indicação eu acho que, em geral, isso não rola. No meu caso eu tenho muita dificuldade de arrumar emprego, por causa da falta de estudo e também não tenho profissão nenhuma. Por mim eu estaria num trabalho legal, mas eu sei que qualquer trabalho que eu arrumar eu não tenho estrutura para ganhar pelo menos 1.500 reais por mês. Qualquer trabalho que eu arrumar vai ser de auxiliar e vou ganhar um salário. Se for para eu me humilhar para os outros, eu me humilho para mim mesmo, no fim do mês se eu juntar a minha prata eu tenho isso.
Você já foi chamado para tocar aonde?
Em festa de aniversário, de final do ano, hoje mesmo passou um cara aqui e quer que eu vá domingo (10/01) tocar num churrasco lá em Botafogo. Mas eu acho que nunca fui, domingo agora se ele me chamar eu acho que vou, até porque estou precisando de dinheiro.
E alguma casa de show, você foi chamado?
Já, mas não rola. As pessoas acham que é legal, mas não é bem assim. Música, o pouco que eu entendo, não é bem assim, é uma coisa complicada.
Qual tipo de música que você mais toca?
Pop Rock, eu escolhi um timbre que cabe na minha voz. As pessoas falam que eu canto bem, não é. Eu escolhi um estilo que pega a minha a voz, eu não vou cantar todo tipo de música. Para mim, ouvir eu ouço tudo, mas para tocar eu procuro sempre as mais fáceis, tipo Jota Quest, Paralamas, Capital Inicial, Reggae também e Cidade Negra.
Como você vê a recepção da sociedade às suas músicas?
Foi o que um amigo meu falou ontem: eu sou um artista de rua, eu não sou um músico. O músico é diferente, eu não tenho nenhum objetivo com a música, é só pra comer mesmo. Se acontecesse para mim era lucro, se chegasse alguém dizendo que me levava e pagava as coisas. Mas eu vou deixar bem claro para ele que não é isso o que eu quero, para ele não perder o tempo dele. Muitas pessoas já quiseram, você canta na banda e tal, eu vi que os caras queriam uma parada séria e eu vou atrapalhar eles porque eu não quero isso.