lágrimas e tatuagem marcam despedida de García Márquez
Umas poucas coroas de rosas de cor amarelo vivo destoavam do branco dominante das flores que decoraram a fachada da funerária García Lopez Casa de Pedregal, região sul da Cidade do México, que recebeu na tarde desta quinta-feira o velório do escritor colombiano, prêmio Nobel de Literatura, Gabriel García Márquez, morto por volta do meio-dia desse mesmo dia. Essa era a pouca beleza da despedida, restrita a familiares e assegurada por mais de 40 policiais que tomavam a frente do local.
A atitude dura dos policiais, que desviavam o tráfico local, afastou também o público, resumido a um mar de jornalistas e fotógrafos. Admiradores do escritor, tímidos, eram minoria. Mas uma minoria de olhos marejados, cheios de reverência, saudade e tristeza.
"Sinto que cheguei tarde demais. Não acredito que isso seja real, que esteja acontecendo de verdade." Omar Rivera, de 33 anos, sentou-se na calçada e pôs-se a ler em voz alta um trecho de "Olhos de Cão Azul", livro de contos do escritor. Seu momento catártico por pouco não foi interrompido por policiais. "Ele era uma inspiração, uma força na minha vida", desabafou o físico, fã de literatura. O gosto por livros veio do avô. Começou com "Cem Anos de Solidão", aos 13. Não parou mais. "Sinto como se tivesse perdido alguém muito próximo, sendo que nunca o conheci. Que ironia."
Mais resignadas, a poucos metros nessa mesma calçada, duas garotas seguravam buquês e dividiam um cigarro. As estudantes Karen de Ávila e Luz Vega, ambas de 22 anos, foram as primeiras a chegar. "Seguimos o carro que saiu do hospital com ele", disse Karen, emocionada. "Espero que nos deixem entrar, queremos nos despedir, nem que seja de longe, mas lá dentro."
A amiga já previa a longa espera. "Não temos nenhum lugar para ir. Vamos esperar. É o García Márquez que está lá dentro", apontou, agoniada, para a barreira impassível de policiais, com ar de groupie de rock star. "Ele me ensinou a gostar de ler. Ele me abriu o mundo dele e eu entrei. Não sei se estou preparada para sair." Karen prontamente lhe diz para reler os livros, todos. Ela concorda com a cabeça.
E é Karen que se põe a rir, sozinha. Como quem se lembrou de uma piada irresistível, ela conta: "Eu descobri hoje onde era a casa dele. Nunca tinha procurado saber, mas não poderia imaginar que era na rua pela qual passo todas as manhãs pra pegar o ônibus. Sabe quantas vezes eu passei por aquele portão sem saber quem estava do outro lado?", diz a garota. "E tantas vezes com o livro dele na mochila." A amiga, sem entender, dá de ombros. "Que diferença faz?". Karen não hesita: "Faz diferença, sim. Ele estava perto, sempre. E precisou ele morrer pra eu descobrir. É a cara dele pregar esse tipo de peça..."
A atitude dura dos policiais, que desviavam o tráfico local, afastou também o público, resumido a um mar de jornalistas e fotógrafos. Admiradores do escritor, tímidos, eram minoria. Mas uma minoria de olhos marejados, cheios de reverência, saudade e tristeza.
"Sinto que cheguei tarde demais. Não acredito que isso seja real, que esteja acontecendo de verdade." Omar Rivera, de 33 anos, sentou-se na calçada e pôs-se a ler em voz alta um trecho de "Olhos de Cão Azul", livro de contos do escritor. Seu momento catártico por pouco não foi interrompido por policiais. "Ele era uma inspiração, uma força na minha vida", desabafou o físico, fã de literatura. O gosto por livros veio do avô. Começou com "Cem Anos de Solidão", aos 13. Não parou mais. "Sinto como se tivesse perdido alguém muito próximo, sendo que nunca o conheci. Que ironia."
Mais resignadas, a poucos metros nessa mesma calçada, duas garotas seguravam buquês e dividiam um cigarro. As estudantes Karen de Ávila e Luz Vega, ambas de 22 anos, foram as primeiras a chegar. "Seguimos o carro que saiu do hospital com ele", disse Karen, emocionada. "Espero que nos deixem entrar, queremos nos despedir, nem que seja de longe, mas lá dentro."
A amiga já previa a longa espera. "Não temos nenhum lugar para ir. Vamos esperar. É o García Márquez que está lá dentro", apontou, agoniada, para a barreira impassível de policiais, com ar de groupie de rock star. "Ele me ensinou a gostar de ler. Ele me abriu o mundo dele e eu entrei. Não sei se estou preparada para sair." Karen prontamente lhe diz para reler os livros, todos. Ela concorda com a cabeça.
E é Karen que se põe a rir, sozinha. Como quem se lembrou de uma piada irresistível, ela conta: "Eu descobri hoje onde era a casa dele. Nunca tinha procurado saber, mas não poderia imaginar que era na rua pela qual passo todas as manhãs pra pegar o ônibus. Sabe quantas vezes eu passei por aquele portão sem saber quem estava do outro lado?", diz a garota. "E tantas vezes com o livro dele na mochila." A amiga, sem entender, dá de ombros. "Que diferença faz?". Karen não hesita: "Faz diferença, sim. Ele estava perto, sempre. E precisou ele morrer pra eu descobrir. É a cara dele pregar esse tipo de peça..."
Os principais livros de Gabriel García Márquez10 fotos
Do outro lado da rua, um casalzinho trazia flores amarelas -- ele, Alberto, na gola da camiseta; ela, Beatriz, no cabelo e no casaco. "Era a cor preferida dele", diz Beatriz. A cor também está presente no livro mais famoso de García Márquez, "Cem Anos de Solidão", que faz menção a flores amarelas.
"Esse livro é uma das poucas grandes coisas que temos em comum, e teve participação decisiva na nossa história", conta Beatriz Chávez, 20. O primeiro presente ao hoje noivo Alberto Rojas, 20, foi um exemplar. "Li três vezes, e sigo aprendendo algo novo. Depois dele, li outros, mas esse é o nosso livro", completou Alberto.
Quando souberam do estado frágil do escritor, no ano passado, os jovens decidiram tentar a sorte por um autógrafo. Uma aventura difícil, já que "Gabo", como era carinhosamente conhecido, poucas vezes fazia aparições públicas na Cidade do México, onde veio viver há quase cinco décadas com a esposa Mercedes. Bateram à porta de Márquez, dispostos a convencê-lo. "Ele estava na Colômbia e seu bibliotecário nos atendeu. Fez perguntas e nos disse para deixar um contato e um livro", conta Beatriz. Desconfiados, preferiram deixar o mais recente dele, "Memória de Minhas Putas Tristes" (2004).
Hoje, exibiam o autógrafo, feito com letra torta e visível dificuldade motora, com um misto de orgulho e pena. "Por que não deixamos o nosso livro preferido?!", lamentou Alberto.
Mas Beatriz abre um sorriso enquanto ergue a barra da blusa. Na lateral da cintura, o nome rabiscado do escritor virou tatuagem. "É minha homenagem pra ele. Pra mim, ele segue vivo."
Abraçado pela namorada, Alberto brincou: "Estamos casados pela religião 'garciamarqueana', não podemos nos separar". Mas se por acaso isso acontecer? "Imagina a briga pra ver quem fica com o autógrafo?"
Gabriel García Márquez morreu nesta quinta-feira em sua casa na Cidade do México, aos 87 anos. Em março, ele foi internado na capital mexicana devido a uma infecção nos pulmões e vias urinárias. Depois de 10 dias no hospital, passou a recuperar-se em casa, na região sul de Pedregal. Havia suspeitas de que ele estivesse em tratamento contra câncer, doença que já o havia acometido em 1999.
O corpo de Márquez será cremado na funerária onde é velado. a mesma funerária que ele está sendo velado, na avenida San Jerómino, região sul da Cidade do México. A decisão foi anunciada em frente à casa do escritor por Maria Cristina García, diretora do Instituto Nacional de Bellas Artes (INBA), que confirmou que este foi um pedido da família.
Ainda não há informações sobre o horário da cerimônia, nem detalhes sobre o destino final das cinzas de García Márquez, se ficarão no México, onde viveu as últimas quase cinco décadas, ou serão levadas à Colômbia, seu país natal
O público poderá se despedir do escritor em uma homenagem no Palácio de Belas Artes na segunda-feira (21), às 16h.
Vida e Obra
Considerado o escritor de língua espanhola mais popular desde Miguel de Cervantes, no século 17, García Márquez alcançou celebridade literária que gerou comparações com clássicos das letras universais como Mark Twain e Charles Dickens. Suas obras ficcionais extravagantes e melancólicas --entre elas "Crônica de uma Morte Anunciada", "O Amor nos Tempos do Cólera" e "Outono do Patriarca"-- superaram em vendas qualquer outra publicação em língua espanhola, com exceção da Bíblia.
O romance épico "Cem Anos de Solidão" vendeu mais de 50 milhões de cópias em mais de 25 idiomas. Publicado em 1967, é um dos exemplos principais do chamado realismo fantástico e marcou um boom da literatura latino americana que durou duas décadas. A obra narra a saga de gerações da família Buendí e foi "o primeiro romance em que os latino-americanos se reconheceram, que os definiu, que celebrou sua paixão, sua intensidade, sua espiritualidade e superstição, sua grande propensão ao fracasso", disse o biógrafo Gerald Martin à agência Associated Press.
Ao receber o Nobel, em 1982, García Márquez descreveu a América Latina como uma "fonte de criatividade insaciável, cheia de tristeza e beleza, do qual este errante e nostálgico colombiano não é mais que uma fração, destacada pelo destino. Poetas e mendigos, músicos e profetas, guerreiros e malandros, todas as criaturas daquela realidade desenfreada, deixaram pouco a extrair da imaginação, porque nosso problema crucial tem sido a falta de meios convencionais para tornar nossa vida verossímil".
"Esse livro é uma das poucas grandes coisas que temos em comum, e teve participação decisiva na nossa história", conta Beatriz Chávez, 20. O primeiro presente ao hoje noivo Alberto Rojas, 20, foi um exemplar. "Li três vezes, e sigo aprendendo algo novo. Depois dele, li outros, mas esse é o nosso livro", completou Alberto.
Quando souberam do estado frágil do escritor, no ano passado, os jovens decidiram tentar a sorte por um autógrafo. Uma aventura difícil, já que "Gabo", como era carinhosamente conhecido, poucas vezes fazia aparições públicas na Cidade do México, onde veio viver há quase cinco décadas com a esposa Mercedes. Bateram à porta de Márquez, dispostos a convencê-lo. "Ele estava na Colômbia e seu bibliotecário nos atendeu. Fez perguntas e nos disse para deixar um contato e um livro", conta Beatriz. Desconfiados, preferiram deixar o mais recente dele, "Memória de Minhas Putas Tristes" (2004).
Hoje, exibiam o autógrafo, feito com letra torta e visível dificuldade motora, com um misto de orgulho e pena. "Por que não deixamos o nosso livro preferido?!", lamentou Alberto.
Mas Beatriz abre um sorriso enquanto ergue a barra da blusa. Na lateral da cintura, o nome rabiscado do escritor virou tatuagem. "É minha homenagem pra ele. Pra mim, ele segue vivo."
Abraçado pela namorada, Alberto brincou: "Estamos casados pela religião 'garciamarqueana', não podemos nos separar". Mas se por acaso isso acontecer? "Imagina a briga pra ver quem fica com o autógrafo?"
Gabriel García Márquez morreu nesta quinta-feira em sua casa na Cidade do México, aos 87 anos. Em março, ele foi internado na capital mexicana devido a uma infecção nos pulmões e vias urinárias. Depois de 10 dias no hospital, passou a recuperar-se em casa, na região sul de Pedregal. Havia suspeitas de que ele estivesse em tratamento contra câncer, doença que já o havia acometido em 1999.
O corpo de Márquez será cremado na funerária onde é velado. a mesma funerária que ele está sendo velado, na avenida San Jerómino, região sul da Cidade do México. A decisão foi anunciada em frente à casa do escritor por Maria Cristina García, diretora do Instituto Nacional de Bellas Artes (INBA), que confirmou que este foi um pedido da família.
Vida e Obra
Considerado o escritor de língua espanhola mais popular desde Miguel de Cervantes, no século 17, García Márquez alcançou celebridade literária que gerou comparações com clássicos das letras universais como Mark Twain e Charles Dickens. Suas obras ficcionais extravagantes e melancólicas --entre elas "Crônica de uma Morte Anunciada", "O Amor nos Tempos do Cólera" e "Outono do Patriarca"-- superaram em vendas qualquer outra publicação em língua espanhola, com exceção da Bíblia.
O cemitério público do Girassol, no conjunto Júlia Seffer, em Ananindeua(Pará), foi local de um fato inusitado na tarde deste domingo (20). Familiares e amigos de Cristiano da Silva Flausino, jovem de 19 anos morto na madrugada de sexta para sábado, em Águas Lindas, enterraram o corpo do ente querido por conta própria no cemitério público.
De acordo com Kleberson Flausino, tio do falecido, o corpo do jovem foi liberado do Instituto Médico Legal (IML) por volta das 23h30 do sábado. Por volta das 7h de ontem, Kleberson se dirigiu ao Complexo Funerário de Ananindeua, próximo à sede da Prefeitura de Ananindeua, para solicitar o enterro do sobrinho. “Quando cheguei lá eles me disseram que não havia possibilidade do sepultamento de mais de três pessoas no domingo e que já haviam atingido esse número e que só poderiam enterrar meu sobrinho na segunda-feira (21) a partir das 14 horas".
Kleberson também alega que enquanto estava no Complexo Funerário, conversou por telefone com uma mulher que teria se identificado como Silvia e era coordenadora do Complexo Funerário. “Ela me falou que nem se fosse a mãe dela que fosse enterrada, ela poderia fazer alguma coisa”, afirma.
Insatisfeito com a situação, Kleberson por volta do meio dia foi até o Cemitério Público do Girassol, no conjunto Júlia Seffer, para tentar junto à administração uma possibilidade do enterro do seu sobrinho, mas foi informado que a administração não poderia fazer nada sem o aval da Prefeitura, por meio do Complexo Funerário.
No cemitério, ele viu que havia cinco covas recém-fechadas e não três, como o haviam informado no Complexo Funerário. A família decidiu enterrar o corpo de Cristiano da Silva por conta própria no cemitério, mesmo sem autorização da Prefeitura. Kleberson alega que a urgência do enterro tem uma justificativa. “O corpo do meu sobrinho já estava desde a noite de sábado em casa, ele estava todo inchado e fedendo.
Uma vizinha reclamou do mau cheiro. Além disso tudo, hoje de manhã, por volta das 6h, minha família teve que chamar a Polícia porque as pessoas que mataram meu sobrinho queriam invadir a nossa casa para retirar o corpo dele”, declara. A situação deixou parentes revoltados. Para Clísia Flausino, mãe de Cristiano, “tudo é uma enorme burocracia. Como eu vou deixar meu filho apodrecer dentro de casa?”, questiona.
Os familiares saíram com o corpo por volta das 15h30 do bairro de Águas Lindas em direção ao cemitério público do Girassol. O transporte foi feito por uma funerária particular. A família também solicitou que a Polícia Militar fizesse a guarnição do trajeto, com medo que os desafetos do falecido pudessem querer roubar o corpo no meio do caminho.
A mãe de Cristiano não suportou a emoção e desmaiou no momento do enterro. Ela foi levada por familiares para o hospital na van da funerária. (Celso Rodrigues)
Mãe de jovem desmaia na hora do enterro
Crísia Flausino, mãe de Cristiano, não suportou a emoção e desmaiou no momento do enterro, sendo levada por familiares para o hospital na van da funerária contratada pela família. Ao final do enterro Kleberson Flausino declarou que ainda irá atrás do desfecho da situação. “Irei novamente ao Complexo Funerário para verificar a situação dos papéis do enterro".
Por volta das 18h, após a saída dos familiares e amigos de Cristiano, duas viaturas da Guarda Municipal de Ananindeua chegaram no Girassol, onde acompanharam a coordenadora do cemitério até a Central de Flagrantes da Cidade Nova, para registrar boletim de ocorrência por invasão de patrimônio público. Três viaturas da PM acompanharam o percurso. O soldado Paranhas era um dos PMs que acompanhavam os familiares durante o trajeto do enterro. Ele confirmou a tentativa de invasão na casa da família, que resultou inclusive em confronto com a Polícia. “Quando a família acionou o Ciop, nós fomos para lá por volta das 6h da manhã deste domingo e 15 homens armados estavam tentando invadir a casa e tirar o corpo do rapaz de lá. Houve troca de tiros com a Polícia e uma de nossas viaturas foi atingida. A família solicitou e nós viemos aqui dar apoio na segurança deles”, afirmou.
Os próprios familiares de Cristiano Flausino abriram a cova, descerraram o caixão e o cobriram com a terra. Foto: Celso Rodrigues
Os familiares e amigos de Cristiano chegaram ao cemitério por volta das 16h15. Levando suas próprias ferramentas, eles entraram no cemitério, que estava sem nenhum vigilante, e começaram a cavar em uma cova que já havia sido aberta pela metade. A administração do cemitério também não se encontrava no local. Kleberson afirma que chegou a conversar com a administradora logo que chegou, mas ela foi embora minutos depois.
Por volta das 16h30, um carro da Remoção do Complexo Funerário chegou ao local com Érica Santana, coordenadora do Cemitério Público Girassol. Ela informou à equipe do Diário sobre a rotina dos enterrar. “Os enterros ocorrem diariamente de segunda a sexta, sem um número máximo específico. O funcionamento é de 8h às 17h. Porém nos finais de semana são permitidos apenas três enterros por dia porque os coveiros só trabalham até meio-dia”.
Questionada sobre haver cinco túmulos no domingo, quando o limite é três, a coordenadora justifica: “Quando nós temos uma alta demanda no final de semana, permitimos que mais duas covas sejam abertas. No caso das cinco covas aqui presentes as famílias solicitaram o enterro antes da família do senhor Kleberson, mas o enterro do sobrinho dele foi agendado para segunda-feira (21) a partir das 7h da manhã”, relata.
Por telefone, a equipe do Diário do Pará conversou com a coordenadora do Complexo Funerário, Silvia Brito, ocasião em que declarou que não conversou com Kleberson Flausino, mas confirmou o agendamento do enterro para segunda-feira (21). “Esta é uma situação constrangedora para nós e a família. Nós não nos recusamos a atender a família do senhor Kleberson, cujo enterro ficou marcado para segunda (21). Os sepultamentos ocorrem nos finais de semana até às 12h. Houve um erro da empresa particular contratada pela família que trouxe o corpo para ser enterrado hoje”.
Sobre a atitude da família, Silva disse que vão “fazer um boletim de ocorrência junto à Polícia contra os envolvidos por invasão de patrimônio público”. Por volta das 17h30 o corpo de Cristiano começou a ser enterrado pelos familiares e amigos. Aglomerados ao redor da cova, o momento de descida do caixão pelos próprios familiares foi acompanhado de lamentos e choros.
(Rafael Alencar/Diário do Pará)
O cemitério público do Girassol, no conjunto Júlia Seffer, em Ananindeua(Pará), foi local de um fato inusitado na tarde deste domingo (20). Familiares e amigos de Cristiano da Silva Flausino, jovem de 19 anos morto na madrugada de sexta para sábado, em Águas Lindas, enterraram o corpo do ente querido por conta própria no cemitério público.
De acordo com Kleberson Flausino, tio do falecido, o corpo do jovem foi liberado do Instituto Médico Legal (IML) por volta das 23h30 do sábado. Por volta das 7h de ontem, Kleberson se dirigiu ao Complexo Funerário de Ananindeua, próximo à sede da Prefeitura de Ananindeua, para solicitar o enterro do sobrinho. “Quando cheguei lá eles me disseram que não havia possibilidade do sepultamento de mais de três pessoas no domingo e que já haviam atingido esse número e que só poderiam enterrar meu sobrinho na segunda-feira (21) a partir das 14 horas".
Kleberson também alega que enquanto estava no Complexo Funerário, conversou por telefone com uma mulher que teria se identificado como Silvia e era coordenadora do Complexo Funerário. “Ela me falou que nem se fosse a mãe dela que fosse enterrada, ela poderia fazer alguma coisa”, afirma.
Insatisfeito com a situação, Kleberson por volta do meio dia foi até o Cemitério Público do Girassol, no conjunto Júlia Seffer, para tentar junto à administração uma possibilidade do enterro do seu sobrinho, mas foi informado que a administração não poderia fazer nada sem o aval da Prefeitura, por meio do Complexo Funerário.
No cemitério, ele viu que havia cinco covas recém-fechadas e não três, como o haviam informado no Complexo Funerário. A família decidiu enterrar o corpo de Cristiano da Silva por conta própria no cemitério, mesmo sem autorização da Prefeitura. Kleberson alega que a urgência do enterro tem uma justificativa. “O corpo do meu sobrinho já estava desde a noite de sábado em casa, ele estava todo inchado e fedendo.
Uma vizinha reclamou do mau cheiro. Além disso tudo, hoje de manhã, por volta das 6h, minha família teve que chamar a Polícia porque as pessoas que mataram meu sobrinho queriam invadir a nossa casa para retirar o corpo dele”, declara. A situação deixou parentes revoltados. Para Clísia Flausino, mãe de Cristiano, “tudo é uma enorme burocracia. Como eu vou deixar meu filho apodrecer dentro de casa?”, questiona.
Os familiares saíram com o corpo por volta das 15h30 do bairro de Águas Lindas em direção ao cemitério público do Girassol. O transporte foi feito por uma funerária particular. A família também solicitou que a Polícia Militar fizesse a guarnição do trajeto, com medo que os desafetos do falecido pudessem querer roubar o corpo no meio do caminho.

A mãe de Cristiano não suportou a emoção e desmaiou no momento do enterro. Ela foi levada por familiares para o hospital na van da funerária. (Celso Rodrigues)
Mãe de jovem desmaia na hora do enterro
Crísia Flausino, mãe de Cristiano, não suportou a emoção e desmaiou no momento do enterro, sendo levada por familiares para o hospital na van da funerária contratada pela família. Ao final do enterro Kleberson Flausino declarou que ainda irá atrás do desfecho da situação. “Irei novamente ao Complexo Funerário para verificar a situação dos papéis do enterro".
Por volta das 18h, após a saída dos familiares e amigos de Cristiano, duas viaturas da Guarda Municipal de Ananindeua chegaram no Girassol, onde acompanharam a coordenadora do cemitério até a Central de Flagrantes da Cidade Nova, para registrar boletim de ocorrência por invasão de patrimônio público. Três viaturas da PM acompanharam o percurso. O soldado Paranhas era um dos PMs que acompanhavam os familiares durante o trajeto do enterro. Ele confirmou a tentativa de invasão na casa da família, que resultou inclusive em confronto com a Polícia. “Quando a família acionou o Ciop, nós fomos para lá por volta das 6h da manhã deste domingo e 15 homens armados estavam tentando invadir a casa e tirar o corpo do rapaz de lá. Houve troca de tiros com a Polícia e uma de nossas viaturas foi atingida. A família solicitou e nós viemos aqui dar apoio na segurança deles”, afirmou.

Os próprios familiares de Cristiano Flausino abriram a cova, descerraram o caixão e o cobriram com a terra. Foto: Celso Rodrigues
Os familiares e amigos de Cristiano chegaram ao cemitério por volta das 16h15. Levando suas próprias ferramentas, eles entraram no cemitério, que estava sem nenhum vigilante, e começaram a cavar em uma cova que já havia sido aberta pela metade. A administração do cemitério também não se encontrava no local. Kleberson afirma que chegou a conversar com a administradora logo que chegou, mas ela foi embora minutos depois.
Por volta das 16h30, um carro da Remoção do Complexo Funerário chegou ao local com Érica Santana, coordenadora do Cemitério Público Girassol. Ela informou à equipe do Diário sobre a rotina dos enterrar. “Os enterros ocorrem diariamente de segunda a sexta, sem um número máximo específico. O funcionamento é de 8h às 17h. Porém nos finais de semana são permitidos apenas três enterros por dia porque os coveiros só trabalham até meio-dia”.
Questionada sobre haver cinco túmulos no domingo, quando o limite é três, a coordenadora justifica: “Quando nós temos uma alta demanda no final de semana, permitimos que mais duas covas sejam abertas. No caso das cinco covas aqui presentes as famílias solicitaram o enterro antes da família do senhor Kleberson, mas o enterro do sobrinho dele foi agendado para segunda-feira (21) a partir das 7h da manhã”, relata.
Por telefone, a equipe do Diário do Pará conversou com a coordenadora do Complexo Funerário, Silvia Brito, ocasião em que declarou que não conversou com Kleberson Flausino, mas confirmou o agendamento do enterro para segunda-feira (21). “Esta é uma situação constrangedora para nós e a família. Nós não nos recusamos a atender a família do senhor Kleberson, cujo enterro ficou marcado para segunda (21). Os sepultamentos ocorrem nos finais de semana até às 12h. Houve um erro da empresa particular contratada pela família que trouxe o corpo para ser enterrado hoje”.
Sobre a atitude da família, Silva disse que vão “fazer um boletim de ocorrência junto à Polícia contra os envolvidos por invasão de patrimônio público”. Por volta das 17h30 o corpo de Cristiano começou a ser enterrado pelos familiares e amigos. Aglomerados ao redor da cova, o momento de descida do caixão pelos próprios familiares foi acompanhado de lamentos e choros.
(Rafael Alencar/Diário do Pará)
Trajetória do escritor Gabriel García Márquez36 fotos
Biografia
Gabo, como era carinhosamente chamado, nasceu no dia 6 de março de 1927, em Aracataca, na Colômbia. Criado pelos pais de sua mãe, cresceu ouvindo as histórias de seu avô, Nicolas Márquez, veterano da Guerra Civil colombiana, enquanto sua avó, Tranquilina Iguarán, costumava lhe contar lendas que misturavam fantasia e realidade. Essas narrativas foram fundamentais para que mais tarde o garoto se tornasse escritor.
As histórias de seus avós se tornariam também material para a ficção de García Márquez, e Aracataca inspirou Macondo, a vila cercada por plantações de banana no pé das montanhas da Sierra Nevada, onde "Cem Anos de Solidão" se passa. "Minha família me contou muitas vezes que comecei a recontar histórias e coisas assim quase desde que nasci", contou García Márquez em uma entrevista. "Desde que comecei a falar".
Enquanto atuava em jornais, esboçou os seus primeiros contos e uma extensa reportagem sobre o sobrevivente de um naufrágio na costa colombiana resultou no livro "Relato de um Náufrago", hoje tido como um exemplo de bom jornalismo literário. Ao lado de escritores incluindo Norman Mailer e Tom Wolfe, García Márquez também foi um pioneiro da narrativa de não-ficção que se tornaria conhecida como New Journalism ou Novo Jornalismo.
Pobre e esfarrapado durante grande parte de sua vida adulta, García Márquez foi transformado por sua fama e riqueza tardias. Um "bon vivant" com personalidade travessa, o escritor era um anfitrião gracioso, que contava histórias longas, com animação, para os hóspedes. Ferozmente protetor de sua imagem, uma característica compartilhada por sua esposa, ele ocasionalmente se rendia a um temperamento explosivo quando se sentia menosprezado ou deturpado pela imprensa.
O homem político
Como muitos escritores latino-americanos, García Márquez transcendeu o mundo das letras. Desde cedo, Gabo tornou-se um herói para a esquerda latino-americana, aliando-se cedo ao líder revolucionário cubano Fidel Castro e criticando as intervenções violentas de Washington, do Vietnã ao Chile. Seus textos perfilaram o ex-presidente da Venezuela, Hugo Chávez, além de retratarem como traficantes de cocaína liderados por Pablo Escobar abalaram o tecido social e moral de sua Colômbia natal, sequestrando membros da elite, tema de "Notícias de um Sequestro".
A escrita de García Márquez foi constantemente informada por seus pontos de vista esquerdistas, forjados em grande parte por um massacre de militares a trabalhadores bananeiros em greve contra a United Fruit Company (mais tarde, Chiquita) em 1928, perto de Aracataca. Ele também foi muito influenciado pelo assassinato, 20 anos mais tarde, de Jorge Eliécer Gaitán, candidato presidencial esquerdista em ascensão.
Ao longo da vida, García Márquez recusou ofertas de postos diplomáticos e tentativas de o lançar à presidência da Colômbia, embora tenha se envolvido nos bastidores das negociações de paz entre o governo da Colômbia e os rebeldes de esquerda.
Os últimos anos
Os últimos anos de vida de Gabo foram marcados por relatos sobre problemas de memória , que não foram confirmados oficialmente. As aparições públicas de García Márquez também foram mais escassas, apesar de ele continuar a socializar com amigos.
Em março deste ano, quando fez 87 anos, o escritor foi homenageado diante da imprensa por amigos e simpatizantes, que lhe deram bolo e flores do lado de fora de sua casa, em um bairro de elite na Cidade do México. Na ocasião, o autor mostrou-se sorridente, recebeu presentes e tirou fotos, mas não falou com os jornalistas. Nos últimos anos, restringiu ao máximo suas aparições em público e declarações por motivos de saúde.
Gabo, como era carinhosamente chamado, nasceu no dia 6 de março de 1927, em Aracataca, na Colômbia. Criado pelos pais de sua mãe, cresceu ouvindo as histórias de seu avô, Nicolas Márquez, veterano da Guerra Civil colombiana, enquanto sua avó, Tranquilina Iguarán, costumava lhe contar lendas que misturavam fantasia e realidade. Essas narrativas foram fundamentais para que mais tarde o garoto se tornasse escritor.
As histórias de seus avós se tornariam também material para a ficção de García Márquez, e Aracataca inspirou Macondo, a vila cercada por plantações de banana no pé das montanhas da Sierra Nevada, onde "Cem Anos de Solidão" se passa. "Minha família me contou muitas vezes que comecei a recontar histórias e coisas assim quase desde que nasci", contou García Márquez em uma entrevista. "Desde que comecei a falar".
Enquanto atuava em jornais, esboçou os seus primeiros contos e uma extensa reportagem sobre o sobrevivente de um naufrágio na costa colombiana resultou no livro "Relato de um Náufrago", hoje tido como um exemplo de bom jornalismo literário. Ao lado de escritores incluindo Norman Mailer e Tom Wolfe, García Márquez também foi um pioneiro da narrativa de não-ficção que se tornaria conhecida como New Journalism ou Novo Jornalismo.
Pobre e esfarrapado durante grande parte de sua vida adulta, García Márquez foi transformado por sua fama e riqueza tardias. Um "bon vivant" com personalidade travessa, o escritor era um anfitrião gracioso, que contava histórias longas, com animação, para os hóspedes. Ferozmente protetor de sua imagem, uma característica compartilhada por sua esposa, ele ocasionalmente se rendia a um temperamento explosivo quando se sentia menosprezado ou deturpado pela imprensa.
O homem político
Como muitos escritores latino-americanos, García Márquez transcendeu o mundo das letras. Desde cedo, Gabo tornou-se um herói para a esquerda latino-americana, aliando-se cedo ao líder revolucionário cubano Fidel Castro e criticando as intervenções violentas de Washington, do Vietnã ao Chile. Seus textos perfilaram o ex-presidente da Venezuela, Hugo Chávez, além de retratarem como traficantes de cocaína liderados por Pablo Escobar abalaram o tecido social e moral de sua Colômbia natal, sequestrando membros da elite, tema de "Notícias de um Sequestro".
A escrita de García Márquez foi constantemente informada por seus pontos de vista esquerdistas, forjados em grande parte por um massacre de militares a trabalhadores bananeiros em greve contra a United Fruit Company (mais tarde, Chiquita) em 1928, perto de Aracataca. Ele também foi muito influenciado pelo assassinato, 20 anos mais tarde, de Jorge Eliécer Gaitán, candidato presidencial esquerdista em ascensão.
Ao longo da vida, García Márquez recusou ofertas de postos diplomáticos e tentativas de o lançar à presidência da Colômbia, embora tenha se envolvido nos bastidores das negociações de paz entre o governo da Colômbia e os rebeldes de esquerda.
Os últimos anos
Os últimos anos de vida de Gabo foram marcados por relatos sobre problemas de memória , que não foram confirmados oficialmente. As aparições públicas de García Márquez também foram mais escassas, apesar de ele continuar a socializar com amigos.
Em março deste ano, quando fez 87 anos, o escritor foi homenageado diante da imprensa por amigos e simpatizantes, que lhe deram bolo e flores do lado de fora de sua casa, em um bairro de elite na Cidade do México. Na ocasião, o autor mostrou-se sorridente, recebeu presentes e tirou fotos, mas não falou com os jornalistas. Nos últimos anos, restringiu ao máximo suas aparições em público e declarações por motivos de saúde.
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Cientistas descobriram no Brasil quatro espécies de insetos em que as fêmeas têm pênis e os machos têm vagina. O artigo, publicado no periódico científico Current Biology, documenta pela primeira vez um pênis feminino no reino animal.
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Ao contrário da crença popular, a presença ou ausência de órgão sexual não indica se o animal é macho ou fêmea. Os biólogos detectam o sexo de cada um pelo tamanho dos gametas.
Segundo a regra, a fêmea contribui com o maior gameta (célula sexual), enquanto o macho tem o menor. Nesse caso, apesar de ter um pênis, o inseto tem o gameta maior, o que indica que se trata de uma fêmea.
O estudo descreve quatro espécies relacionadas ao gênero Neotrogla. Os insetos, que têm cerca de 4 milímetros de comprimento, foram descobertos em 2010 por Rodrigo Ferreira no Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, em Itacarambi, na região norte de Minas Gerais.
À primeira vista eles parecem normais, pois são parecidos com os outros insetos das cavernas na região. Mas na hora de acasalar, a fêmea introduz seu pênis na vagina do macho em um acasalamento que dura de 40 a 70 horas.
Agora, os pesquisadores vão coletar o genoma desses insetos para comparar com uma espécie parecida. A esperança é que a informação ajude a ciência a entender como o desenvolvimento de um pênis feminino aconteceu.
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