A baixa qualidade da educação no Brasil ainda impede que o país desenvolva seu pleno potencial. Em quase todos os setores da economia, a oferta de mão de obra qualificada não acompanha a demanda das empresas.
De olho nessa lacuna do ensino, um grupo de jovens começou a oferecer pela internet, há pouco mais de um ano, aulas de matemática (qmagico.com.br), ciências biológicas (okuadro.com), português e física (geekie.com).
A maioria deles tem como público-alvo jovens que estão se preparando para o exame vestibular. Porém, há também sites dedicados aos profissionais que buscam aprofundar seu conhecimento. O Veduca, por exemplo, traduz para o português aulas das melhores universidades do mundo.
“A associação entre tecnologia e educação é inevitável. O modelo baseado na aula com lousa e giz deve cair em alguns anos. Os professores têm que trabalhar o desapego com o tradicionalismo”, diz o professor de história Hugo Calhau, de 30 anos, que divide seu tempo entre as aulas matinais em escolas de São Paulo e as tardes na Geekie, empresa de tecnologia, onde edita o conteúdo dos cursos de história para a internet.
A exemplo de Hugo, profissionais de diversas áreas têm ido trabalhar nos novos negócios voltados à educação em todas as regiões do país.
Em Recife, a Jynx, a Manifesto e a Meantime se juntaram ao Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (Cesar) para formar a JoyStreet, maior empresa no Brasil de jogos online com fundo educativo.
“Buscamos profissionais que queiram ter a responsabilidade de renovar a vida no ambiente escolar”, diz Fred Vasconcelos, presidente da JoyStreet, que já atende mais de 4 000 escolas, 5 000 professores e 1 milhão de alunos do Ensino Médio em Pernambuco e 1,3 milhão de estudantes no Rio de Janeiro.
Com base na plataforma da JoyStreet são realizadas competições nas escolas. O jogo, uma espécie de aventura com narrativa e forma de missão, acaba de receber o prêmio internacional European Seal of e-Excellence. A JoyStreet emprega 12 professores, cujo trabalho é coordenado pela psicóloga Marina Pinheiro, de 34 anos, líder técnica de educação da JoyStreet.
“Eu queria fazer algo novo e eficaz, por isso vim trabalhar aqui”, diz. Marina participa do processo de criação dos jogos educativos. “Se a plataforma tem questões do Enem, meu trabalho é construir exercícios que mantenham a forma lúdica e exploratória no ambiente virtual”, diz.
Para trabalhar na área, diz Marina, é essencial se encantar pelas novas tecnologias. Segundo Fred, o presidente da JoyStreet, mesmo para profissões tradicionais a remuneração é bem competitiva por seguir as faixas do mercado de tecnologia. Na JoyStreet, há duas vagas abertas para conteudistas.
A boa aceitação das escolas, dos professores e dos jovens tem incentivado mais empresas a explorar esse mercado. Fundada em 2001, a pernambucana Daccord nasceu como uma empresa de tecnologia que desenvolve ferramentas e aplicativos para o ensino da música. Desde 2008, eles levam seu principal produto, o Turma do Som, para as escolas.
Hoje, já são 5 000 alunos com acesso no Distrito Federal, Pernambuco, Piauí, Maranhão, Paraíba e Rio Grande do Norte.

A Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado aprovou hoje (18) proposta para a criação de 6.818 novos cargos públicos de provimento efetivo para o governo federal. Todos os cargos serão preenchidos por concurso público. Serão contratados analistas em tecnologia da informação, administradores, contadores, economistas e engenheiros civis, entre outros.
A matéria – o PLC 126/2012 – foi enviada pelo governo federal e já foi aprovada pela Câmara dos Deputados, onde iniciou a tramitação. Se a decisão da CCJ for ratificada no plenário do Senado, seguirá à sanção presidencial. O maior número de vagas, 3.594, é reservado para a área de ciência e tecnologia e inclui pesquisadores, técnicos e assistentes, disse o relator, senador Gim Argello (PTB-DF), em seu parecer.
Argello rebateu, no relatório, críticas à quantidade de cargos que foram criados. “A despeito de críticas infundadas sobre um suposto inchaço do aparelho estatal, a relação servidor público/população no Brasil é uma das menores, se comparada à de países com o mesmo ou superior grau de desenvolvimento”.

O relator argumentou ainda que o preenchimento será feito por concurso público e que o projeto de lei prevê que os cargos serão criados de forma gradual. Segundo o relator, a contratação de novos servidores também estará condicionada à previsão em anexo da Lei Orçamentária.
Para a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), o projeto prevê a criação de 143 novos cargos no quadro de pessoal. Do total de quase 7 mil vagas no plano de cargos do Executivo, 755 servidores serão contratados para o Ministério da Saúde, entre analistas de sistema, arquitetos, contadores, engenheiros, estatísticos, geólogos e auxiliares de saneamento.
O projeto de lei prevê ainda que passarão a integrar o plano de carreiras para a área de ciência e tecnologia os seguintes órgãos: Agência Espacial Brasileira (AEB); Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac); Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet); e secretarias de Atenção à Saúde; de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos; e de Vigilância em Saúde, todas vinculadas ao Ministério da Saúde.

Servidor do Senado ganha R$ 8,5 mil para servir cafezinho
Garçons foram nomeados em 2001 e, em 12 anos, acabaram promovidos e recebem até 20 vezes mais do que o piso da categoria em Brasília
Com uma equipe de garçons com salários até 20 vezes maiores do que o piso da categoria em Brasília, o Senado tem servidores que ganham R$ 8,5 mil para servir cafezinho. Segundo reportagem do jornal O Globo, publicada nesta quarta-feira, sete garçons recebem remuneração entre R$ 7,3 mil e R$ 14,6 mil (com horas extras) - três deles atuam apenas no plenário, e quatro ficam no cafezinho aos fundos, onde circulam parlamentares, assessores e jornalistas. Eles têm cargos comissionados na Secretaria Geral da Mesa com título de assistente parlamentar.
A assessoria do Senado afirmou ao Terra que "os níveis ocupados são de AP 04 e AP 02, com remuneração de R$ 6.726,15 e R$ 8.577,00, respectivamente". "Os servidores ocupam cargo de assistente parlamentar e realizam atividades de apoio, conforme previsto pelo artigo 52 do Regulamento Administrativo do Senado Federal, e estão em exercício na Secretaria-Geral da Mesa, Presidência, 1ª Secretaria e Residência Oficial", disse a Casa, por meio de uma nota.
Eles foram nomeados em 2001 e, em 12 anos, acabaram promovidos a cargos comissionados superiores: saíram do AP-5, com remuneração básica de R$ 3,3 mil, para o AP-4 e até mesmo o AP-2, com vencimentos básicos de R$ 6,7 mil e R$ 8,5 mil, respectivamente. Segundo O Globo, em março, o maior salário pago foi a José Antonio Paiva Torres, o Zezinho, que serve exclusivamente os senadores no plenário. Ele recebeu R$ 5,2 mil somente em horas extras e teve remuneração bruta de R$ 14,6 mil.
O jornal afirmou ainda que dois garçons também têm a obrigação de cuidar do cafezinho dos senadores no plenário. Um deles é Jonson Alves Moreira, que na última sexta-feira foi dublê de senador, num plenário vazio, a pedido de João Costa (PPL-TO), o único orador que fazia uso da palavra naquele momento. Enquanto o senador falava, Jonson concordava com a cabeça.
O Globo diz que a nomeação dos cargos ocorreu em um ato secreto em setembro de 2001, dois dias depois da renúncia do senador Jader Barbalho (PMDB-PA) ao mandato e à presidência da Casa. Todos eles seriam amigos. O Senado rebateu, dizendo que "cumpre ressaltar, inicialmente, que não existem atos secretos no Senado Federal. Todos os atos estão devidamente publicados".
Manual ensina como infiltrar agentes
Confrontado com o fortalecimento do narcotráfico e organizações criminosas mais complexas, o governo federal criou um manual de inteligência para ser adotado em presídios de todo o país. Intitulado Doutrina Nacional de Inteligência Penitenciária, o documento - classificado como reservado, o que o deixará escondido por cinco anos - prevê técnicas de disfarce para agentes e medidas como a intercepção postal de correspondências.
O objetivo da Doutrina é subsidiar o planejamento de políticas públicas, difundir procedimentos e tornar a inteligência penitenciária um instrumento de combate ao crime organizado dentro e fora dos presídios. "Torna-se imprescindível como arcabouço para o mapeamento dos líderes e facções criminosas que, a partir dos estabelecimentos penais, tecem suas conexões e orquestrações ilícitas extra-muros, colocando em risco a segurança e a ordem pública", diz o documento, ao qual o jornal O Estado de S. Paulo teve acesso.
A Doutrina lista uma série de "ações de busca" que podem ser executadas - que "deverão ser sigilosas, independentemente de estarem os dados (buscados) protegidos ou não", afirma o documento.
Entre as "ações de busca" citadas estão interceptação postal de correspondências, interceptação de sinais e dados, infiltração de agentes e desinformação, que consiste em "induzir alvos a erros de apreciação", levando-os a executar um comportamento determinado. Outra ação destacada é a provocação, "realizada com alto nível de especialização para fazer com que uma pessoa ou alvo modifique seus procedimentos e execute algo desejado", sem desconfianças.
Observação, memorização, foto interpretação, disfarce, análise comportamental e leitura da fala a distância são algumas das principais técnicas operacionais de inteligência mencionadas na Doutrina. O disfarce prevê o uso de recursos naturais ou artificiais para evitar o reconhecimento dos agentes. Já a foto interpretação é definida como a técnica que capacita os agentes a "interpretarem corretamente os significados das imagens obtidas".
As operações de inteligência, segundo a Doutrina, "estão sempre sujeitas ao dilema efetividade versus segurança". "Ainda que a segurança seja inerente e indispensável a qualquer ação ou operação, a primazia da segurança sobre a efetividade, ou vice-versa, será determinada pelos aspectos conjunturais", sustenta o documento.
Também está prevista a utilização de "verba secreta", que deverá ser destinada para o desenvolvimento de ações de caráter sigiloso.
Uniformidade
A Doutrina Nacional de Inteligência Penitenciária traz conceitos e valores para ser difundidos entre as agências de inteligência de todo o país, como moralidade, eficiência, legalidade e impessoalidade. "Uma Aipen (agência de inteligência penitenciária) sozinha, isolada, não consegue produzir todos os conhecimentos de que necessita. É imprescindível que ela esteja integrada a um sistema no qual dados e/ou conhecimentos possam fluir, com capilaridade", diz o texto.
De acordo com a Doutrina, "os documentos de inteligência receberão classificação de acordo com o assunto abordado, nos termos da legislação em vigor" e "não poderão ser inseridos em procedimentos apuratórios e deverão permanecer restritos às AI, enquanto perdurar a classificação sigilosa". Além disso, os dispositivos de comunicação dos agentes deverão ter segurança criptográfica.
Carência
Procurado pela reportagem, o Ministério da Justiça informou que a Doutrina "será lançada em maio com distribuição restrita aos chefes de inteligência das penitenciárias federais e dos sistemas prisionais estaduais e do Distrito Federal". A pasta alega que havia "a carência de instrumento que permitisse nortear a integração entre as agências de inteligência penitenciária e facilitar o compartilhamento de informações entre elas, de maneira padronizada".
De acordo com o ministério, o Departamento Penitenciário Nacional (Depen) tem aproximadamente 1.100 servidores, mas, sob a alegação de "motivos de segurança", não foi informado quantos atuam nos serviços de inteligência penitenciária. O ministério ressalta que cabe aos Estados a implementação das estratégias. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.