Quem quiser surfar na onda dos R$ 112,7 bilhões que serão injetados na economia brasileira só na Copa de 2014 vai ter que começar a preparação agora
Por João Varella
Última chamada para os empreendedores que querem aproveitar a massa de turistas que virão ao Brasil prestigiar a Copa do Mundo, alertam analistas e líderes setoriais. Quem quiser surfar na onda dos R$ 112,79 bilhões que serão injetados na economia brasileira só na Copa de 2014 vai ter que começar a preparação agora. Para Dival Schmidt, coordenador do programa Sebrae 2014, que visa ajudar os empresários a se preparar para o evento, estamos em plena pré-temporada. “As empresas são como clubes de futebol. Quem não se preparar agora, nesta pré-temporada, vai perder a chance de fazer um bom campeonato."
Alguns setores já estão com o campeonato em andamento, como é o caso da construção civil - o que é natural, pois as obras demoram para serem concluídas. O setor de serviços pode não estar com a temporada aberta, mas os sinais são de disputas ferrenhas. O segmento está com inflação, calculada pelo IPCA, acumulada nos últimos 12 meses de 9,2%, enquanto que o índice como um todo tem 6,22%.
Há segmentos que estão demorando para engrenar. Levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a pedido do Ministério do Turismo dá conta de que as 12 cidades-sede da Copa têm condições de hospedar 416.147 turistas, considerando todos os leitos duplos e individuais existentes hoje. São esperados até 600 mil turistas só do Exterior. Sem contar os brasileiros que vão transitar pelo Brasil. Nem precisa pegar a calculadora para inferir que o setor precisa investir.
Além da infraestrutura, Alexia Franco, diretora da consultoria Heys, alerta que os prestadores de serviço devem começar a capacitar a mão de obra agora. “A principal qualificação para esse tipo de evento são os idiomas. Para quem só sabe português, é preciso iniciar o quanto antes um processo de aprendizado”, aconselha. Alexia fala com conhecimento de causa: a hoje multinacional Hays foi fundada na Inglaterra, sede da Olimpíada de 2012.
Schmidt conta que mais de cinco mil empresas se inscreveram no programa Sebrae 2014. O plano da entidade é reforçar a iniciativa com um portal, a fim de cativar mais empresários. Até 2013, o programa deve receber R$ 80 milhões.
Já como parte do programa Sebrae 2014, um estudo desenvolvido em parceria com a Fundação Getulio Vargas (FGV) listou 930 oportunidades de micro e pequenos negócios nas 12 cidades-sede. Para o Sebrae, as áreas com mais oportunidades são agronegócio, madeira e móveis, vestuário, serviços, comércio varejista, construção civil, turismo, produção associada ao turismo e tecnologia.
Paulo Solmucci, presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), confirma que a capacitação é o grande foco para o ano e relata que o setor de gastronomia está fazendo um esforço consistente para a Copa do Mundo. “Investimentos fortes nessa área são prioridade para este ano. Não tem fórmula mágica. Só quem se preparar vai conseguir aproveitar os grandes eventos”, relata Solmucci.
Carreira
Eventos de grande porte aquecem o mercado de trabalho em todos os graus hierárquicos. Isso pode ser uma boa oportunidade para executivos que querem mudar de ramo de atuação ou empreendedores que querem começar um negócio próprio. Nesse caso, também é importante a qualificação. “Quem quer dar uma guinada para uma área que exige conhecimentos específicos deve começar a se preparar agora”, afirma Alexia.
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BID: jovens da A. Latina não estão prontos para o mercado
O estudo, assinalou que os jovens do ensino médio estão longe de desenvolver habilidades interpessoais como a responsabilidade, a comunicação e a criatividade
Pelo menos 30% das empresas consideram que a formação recebida na escola não é suficiente para o desempenho das tarefas requeridas
Washington - Os jovens da América Latina "estão longe" de desenvolver as destrezas exigidas pelo mercado de trabalho devido a deficiências no sistema educacional na região, segundo um estudo divulgado nesta segunda-feira pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
O estudo, baseado em duas pesquisas - as primeiras deste tipo na região -, assinalou que os jovens do ensino médio estão longe de desenvolver habilidades interpessoais como a responsabilidade, a comunicação e a criatividade.
O trabalho intitulado "Desligados - Habilidades, Educação e Emprego na América Latina" destaca uma "grande brecha" entre as habilidades ensinadas no ensino médio e as exigidas pelo mercado de trabalho para jovens na região.
A primeira enquete incluiu entrevistas com mais de 6.200 jovens entre 25 e 30 anos de idade na Argentina e no Chile, enquanto a segunda, sobre exigência de habilidades, contou com a participação de 1.200 empresas no Chile, na Argentina e no Brasil, em setores que em geral requerem trabalhadores egressos do ensino médio.
"A pesquisa do BID documenta um sistema educacional que melhorou em cobertura, mas não em qualidade nem em ferramentas que estimulem os estudantes a terminar seus estudos", observou o relatório.
Desta forma, a análise desenhou um panorama laboral pouco animador para os jovens, já que houve uma grande diminuição dos salários, uma alta histórica nas taxas de desemprego, "salários praticamente sem crescimento há três décadas e aumento da informalidade.Mais da metade das empresas entrevistadas deram prioridade às habilidades relacionadas com a personalidade, sendo que 80% delas indicaram que as destrezas mais difíceis de encontrar entre os jovens são as relacionadas com comportamento, como a empatia, a adaptabilidade, a cortesia, a responsabilidade e o compromisso.
Segundo o relatório, os indivíduos mais educados demonstram melhores habilidades no lado cognitivo e no sócio-emocional, pelo que qualificou de "imperativo" que os jovens terminem a escola.
Na América Latina, porém, mais de 40% dos adolescentes não terminam o ensino médio antes dos 24 anos.
Pelo menos 30% das empresas consideram que a formação recebida na escola não é suficiente para o desempenho das tarefas requeridas.
Para começar a reverter esta situação, o estudo recomenda que as autoridades escolares fomentem o desenvolvimento de habilidades sócio-emocionais, reformando tanto o plano de estudos como as práticas pedagógicas.
A pesquisa recomenda "o uso de sistemas de avaliação e informação alinhados com as habilidades que se procura desenvolver, não só conhecimentos acadêmicos mas também habilidades sócio-emocionais relevantes para o desenvolvimento no trabalho e na vida".
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