Desmatamento na região poderá diminuir com prisão de quadrilha


Apontado como o maior desmatador da Amazônia, Ezequiel Antônio Castanha foi preso, no último sábado (21), em Novo Progresso, no Pará. A ação contou com a participação de agentes da Polícia Federal, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis e da Força Nacional de Segurança. A prisão preventiva foi decretada pela Justiça Federal de Itaituba, em ação movida pelo Ministério Público do Pará. Edivaldo Dalla Riva,o Paraguai, também foi preso sob a acusação de fazer parte da quadrilha.
Ainda segundo o Ibama, a prisão de Castanha “coroa com êxito” a “Operação Castanheira”, deflagrada pelo Instituto, Ministério Público Federal, Receita Federal e Polícia Federal, que desarticulou a maior quadrilha de grileiros que operava na região da BR 163, no estado do Pará, respondendo por 20% de todo o desmatamento da Amazônia. Segundo o diretor de Proteção Ambiental do Ibama, Luciano Evaristo, que acompanhou a operação, a efetivação da prisão do grileiro Castanha é o maior marco representativo das ações de combate ao desmatamento no oeste do Pará. “A desarticulação desta quadrilha contribui significativamente para o controle do desmatamento na região”, afirma. Castanha vinha atuando na BR 163 invadindo terras da União, promovendo o desmatamento e comercializando ilegalmente as terras furtadas. Apenas o núcleo familiar do grileiro responde por quase R$ 47 milhões em multas junto ao Ibama, sem contar com os autos de infração em nome dos demais membros da quadrilha.
Conforme o delegado Bruno Benassuly, da Polícia Federal, que também acompanhou a operação, a efetivação da prisão do grileiro Castanha é o maior marco representativo das ações de combate ao desmatamento no oeste do Pará. “A desarticulação desta quadrilha contribui significativamente para o controle do desmatamento na região”, disse. O acusado, que o Ibama aponta como o “maior desmatador da Amazônia”, será julgado pela Justiça Federal e poderá receber pena de mais de 46 anos de prisão pelos diversos crimes cometidos, tais como desmatamento ilegal, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, uso de documentos falsos, além de outros. Natural de Tupi Paulista (SP), Castanha, de 50 anos, foi preso em Novo Progresso mesmo, cidade no sudoeste do Estado. Ele já se encontra em Itaituba, para onde foi conduzido por policiais Federais que utilizaram um helicóptero do Ibama. Após a audiência na Justiça federal, Ezequiel Antônio Castanha será recolhido ao sistema penal, no qual ficará à disposição da Justiça Federal.
CASTANHEIRA
Em 27 de agosto do ano passado, a Polícia Federal deflagrou a “Operação Castanheira”, destinada a desarticular organização criminosa especializada em grilagem de terras e crimes ambientais na cidade de Novo Progresso. Os envolvidos nas ações criminosas são considerados os maiores desmatadores da Floresta Amazônica brasileira. O dano ambiental causado por eles, estimado em perícias, ultrapassar R$ 500 milhões, conforme a PF divulgou à época. Naquela ocasião, participaram da ação 96 policiais federais e 19 servidores do Ibama. Eles saíram a campo para cumprir 40 ordens judiciais - 22 mandados de busca e apreensão; 11 mandados de prisão preventiva; 3 mandados de prisão temporária; e 4 mandados de condução coercitiva. Além de Novo Progresso, diligências foram realizadas também em cidades de São Paulo, Paraná e Mato Grosso. A operação é resultado de uma investigação conjunta da Polícia Federal, do Ibama, da Receita Federal e do Ministério Público Federal.
As investigações apontaram que a quadrilha agia invadindo terras públicas (dentre elas, a Floresta Nacional do Jamanxim) e realizava desmatamentos e queimadas para formação de pastos. Posteriormente a área degradada era loteada e revendida a produtores e agropecuaristas. Os envolvidos, na medida de suas participações, deverão ser indiciados pelos crimes de invasão de terras públicas, de furto, de crimes ambientais, de falsificação de documentos, de formação de quadrilha, de sonegação fiscal e de lavagem de dinheiro. Somadas, as penas podem ultrapassar os 50 anos de reclusão aos condenados. O nome da operação é uma alusão à árvore castanheira, que é protegida por lei e símbolo da Amazônia, abundante na região de Novo Progresso.
Caminhoneiros do Pará aderem a protesto
Motoristas vão cruzar os braços, mas sem bloquear estradas no Estado
Os caminhoneiros do Pará e em trânsito no Estado passam a aderir ao movimento nacional de protestos a partir de hoje. A categoria iniciará com uma paralisação total das atividades, mas sem o bloqueio de estradas. A rodovia BR-153 (Belém-Brasília) está bloqueada desde o último dia 19 e os problemas de abastecimento no Pará poderão ser sentidos pelos consumidores até o final desta semana.
“Todos os caminhões que tinham que chegar já chegaram. Agora é paralisação”, resumiu o presidente do Sindicato dos Caminhoneiros no Pará, Eurico Tadeu. Os caminhoneiros procuraram abrigo nos pátios dos diversos postos situados nos primeiros quilômetros da BR-316. Diferente de outros localidades, o movimento no Pará deve ser pacífico. “A princípio não faremos bloqueios de vias, somente a paralisação, até porque não tem como trabalhar, pois em muitos estados estradas estão fechadas”, disse.
Desde o dia 19, os protestos contra o aumento no preço dos combustíveis, baixo custo de fretes e perdas trabalhistas tomaram a BR-153. Agentes da Polícia Rodoviária Federal estimam que cerca de 500 caminhões parados próximo ao município de Irani-SC. A PRF também identificou bloqueios da rodovia em seu trecho goiano. “O aumento dos combustíveis tira não só dos caminhoneiros, como da população de modo geral. Já contabilizamos 30% de aumento nos combustíveis e o valor do frete está defasado e sem aumento há um bom tempo”, observou Tadeu. A fiscalização da aplicação das leis trabalhistas e fiscais também deixa a desejar, de acordo com a categoria.
Com os bloqueios e a paralisação, o Estado deve começar a sentir os efeitos do desabastecimento a partir de quinta-feira, na forma de um iminente aumento do preço dos alimentos perecíveis. “Qualquer protesto que feche as rodovias Pará-Maranhão e Belém-Brasília causa sérios transtornos para o abastecimento no Pará. Em matéria de hortifrúti, somos um Estado que importa 75% do consumo”, informou o diretor de abastecimento da Ceasa, Rosivaldo Batista.
Grande parte dos caminhões que abastecem a capital chegam entre domingo e segunda, por isso, o efeito dos protestos não é percebido de imediato. “Caso a situação se estenda, a partir da próxima quinta-feira, os preços devem subir, pois é a lei da oferta e procura. Quando há escassez, a tendência é de alta nos preços é instantânea”, confirmou Batista. Por outro lado, o combustível continuará chegando às bombas da cidade. “Nosso abastecimento é feito por via marítima. Ou seja, ainda não temos previsão de desabastecimento”, tranquilizou o presidente do Sindicombustíveis-PA, Ovídio Gasparetto.